Apresentando a Unidade Popular

Por Stathis Kouvelakis, via Jacobin Magazine. Na foto, Alexis Tsipras e Panagiotis Lafazanis, ex-ministro da energia e líder da Plataforma de Esquerda.

A ala esquerda do Syriza separou-se do partido, se tornando o terceiro maior grupo no parlamento grego.


Hoje de manhã, vinte e cinco membros do Syriza no parlamento abandonaram a fração parlamentar do partido para criar um novo grupo sob o nome de “Unidade Popular”. A maior parte destes parlamentares são associados à Plataforma de Esquerda, mas alguns outros também aderiram, como Vangelis Diamantopoulos ou Rachel Makri, uma colaboradora próxima de Zoe Kostantopoulou.

Esse é um importante acontecimento para a política grega, mas inclusive para a esquerda radical, na Grécia e ao nível internacional.

Três coisas precisam ser enfatizadas.

A primeira coisa é que “Unidade Popular” é o nome da nova frente política, que reagrupará treze organizações da esquerda radical – aquelas que assinaram o texto aprovado em 13 de agosto convocando a constituição da Frente do Não. Essa frente é portanto o primeiro resultado tangível da recomposível no interior da esquerda radical grega – recomposição que extraí as lições dos últimos cinco anos e, é claro, da experiência do Syriza no governo e da catástrofe resultante.

Mas o objetivo desta frente é mesmo mais amplo que isso. É proporcionar uma expressão para forças sociais que não necessariamente se reconhecem como parte da esquerda, mas querem lutar contra a austeridade, os memorandos e o “domínio da troika reloaded” do novo memorando.

A segunda é que o objetivo da frente é constituir a expressão política do “não” como foi expressado tanto nas eleições de janeiro quanto no referendo de 5 de julho.

As linhas programáticas fundamentais são a ruptura com a austeridade e os memorandos, a rejeição de todas as privatizações e a nacionalização sob controle social de setores estratégicos da economia (a começar pelo sistema bancário), o cancelamento da maior parte da dívida grega (começando com a imediata interrupação de seu pagamento) e, mais em geral, um conjunto de medidas radicais que reverta a correlação de forças em favor do trabalho e das classes populares, abrindo um caminho para a reconstrução progressiva do país, de sua economia e de suas intituições.

Como o recente desastre demonstrou abundantemente, esses objetivos não podem ser comprendidos sem a existência da zona do euro e a ruptura com todo o conjunto de políticas institucionalizadas pela União Européia. A frente também lutará por uma luta internacional unitária em torno de objetivos comuns em nível europeu e internacional e irá apoiar a existência da OTAN, rompendo com os acordo existentes entre Grécia e Israel, e se opor radicalmente às guerras imperialistas e às intervenções. Esse programa de transição está situado na perspectiva do socialismo do século XXI.

    A terceira é que esse novo grupo parlamentar é agora o terceiro maior grupo no parlamento grego, à frente da Alvorada Dourada, o partido neo-nazista. Isso significa que nas próximas poucas semanas seu líder, Panagiotis Lafazanis, receberá um mandato para constituir um governo, que durará por três dias, conforme estipular a constituição grega.

Após a renúncia do governo de Tsipras, o mandato está agora nas mãos do segundo partido no parlamento, a Nova Democracia, o principal partido de direita da oposição.Esse intervalo de tempo será usada pela Unidade Popular para disparar um amplo debate e a ampla mobilização de todas as forças sociais que desejam lutar contra a austeridade e o memorando, o antigo bem como o novo.

O programa do partido e a inteira gama de seu apoio entre personalidades dirigentes da esquerda grega, que se espera seja notável, será divulgada no começo da próxima semana.

lafazanis_lifo

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