Not my president: a esquerda socialista nos EUA e a “crise da representação”

Por Gabriel Landi Fazzio

Após a vitória eleitoral indireta de Donald Trump (que se elegeu presidente com quase 200 mil votos a menos do que a candidata Democrata, graças aos apoios que obteve no Colégio Eleitoral), dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades estadunidenses. Entoando as palavras de ordem “Not my president” (algo como “Não é meu presidente”, como no conhecido mote “Não me representa”) e “Love trumps hate” (“O amor supera o ódio”, um trocadilho com o nome do recém-eleito presidente), os protestos foram marcados pelas posições políticas antirracistas e feministas, bem como pela forte presença da esquerda socialista. Seria o caso de se entusiasmar, dando por confirmada a tese de que Trump seria a “melhor opção” para elevar a um novo patamar a luta de massas nos EUA? Ou, ao contrário, deveríamos nos preocupar com a abrangente unidade, de forte tom liberal, que agora abandona a campanha de Hillary e impregna a luta de massas?

Buscamos registrar para o público brasileiro o desenrolar das manifestações dos últimos dias, bem como as possibilidades abertas à esquerda socialista estadunidense nesse processo.


A esquerda socialista diante das eleições

Causa estranheza que a esquerda socialista, com toda a atenção que voltou aos debates sobre as eleições estadunidenses, demonstre tanto descaso para com as candidaturas socialistas no país. Mesmo aqueles setores que, corretamente, souberam recusar a chantagem do “imperialismo interseccional” de Hillary, sequer tomaram nota da existência das candidaturas à sua esquerda. Gloria Estela La Riva (Party for Socialism and Liberation), Alyson Kennedy (Socialist Workers Party), Monica Moorehead (Workers World Party) e Mimi Soltysik (Socialist Party USA) seguem sendo nomes absolutamente desconhecidos pela militância revolucionária brasileira. E, infelizmente, ao que parece, também pela população estadunidense no geral.

Caberia lembrar, antes de entrar na análise dos resultados numéricos, que cerca de 31 milhões de pessoas estavam excluídas das votações, seja por estarem encarceradas ou sob penas restritivas de direitos, seja por serem imigrantes sem direitos políticos no país. Ainda assim, apenas 50% (124 milhões) dos eleitores aptos compareceram às urnas. Destes, mais de 119 milhões decidiram seus votos entre as duas candidaturas majoritárias, Trump e Hillary. (À atura da publicação do presente artigo, tal diferença já remontava o 1 milhão de votos!)

Com 1.209.765 votos, vale também frisar a participação da quarta colocada, a Verde Jill Stein, candidata ligada a lutas sociais diversas e cujo vice, Ajamu Baraka, é um militante dos direitos humanos notório por seus discursos anti-imperialistas, abolicionistas penais e anti-neoliberais. As candidaturas socialistas, por sua vez, obtiveram conjuntamente 62.051 votos – uma votação pequena, mas que deve ser analisada levando em conta as absurdas distorções do sistema eleitoral estadunidense, segundo o qual tais candidaturas apenas estavam “disponíveis” para votação nas cédulas de alguns poucos estados!

Bernie Sanders, e os historicamente adesistas Working Families Party e Comunist Party USA [1] não hesitaram na política oportunista do “mal menor” em apoio à Hillary – um mal menor só para esses senhores que não estão na mira de seus drones.

Um breve levantamento dos protestos dos últimos dias

Considerado o “estado mais progressista dos EUA”, a Califórnia foi o estado onde as reações das massas à vitória de Trump se disseminaram mais ampla e rapidamente. Os 55 votos indiretos da Califórnia se concentraram todos em Hillary, que obteve 61,5% (5.488.261) dos votos diretos no estado, contra 33,3% de Trump. Vale notar também que a Califórnia foi o estado onde uma candidatura socialista mais teve votos, com os 38.205 de Gloria La Riva – quase metade dos votos depositados nacionalmente nas candidaturas autodeclaradas socialistas [2]. Tal panorama ajuda a compreender a particular difusão e radicalização dos protestos anti-Trump no estado.

Em Los Angeles, milhares de pessoas ocuparam as ruas e ocuparam a Rodovia 110. Segundo a Al Jazeera, um grupo de cerca de 300 estudantes secundaristas, predominantemente latinos, se retirou de suas aulas na manhã da quarta-feira e marcharam para a Prefeitura, onde realizaram uma manifestação “breve mais enérgica”, à qual mais algumas centenas de pessoas se somaram, pondo fogo em uma réplica da cabeça de Trump. Palavras de ordem em espanhol foram entoadas, como “El pueblo, unido, jamás será vencido”, e os cartazes levantavam slogans como “Não apoio o racismo, não é meu presidente” e “Imigrantes fazem a América grandiosa”, em referência ao mote da campanha de Trump (“Fazer a América voltar a ser grandiosa”).  Cerca de 25 pessoas foram detidas pela polícia. Dezenas de muros e veículos dos meios de comunicação foram pichados com “obscenidades”, como definiu a imprensa burguesa. Os bloqueios às ruas causaram lentidão no tráfego por “milhas”.

Mais cedo, cerca de 1500 estudantes e professores se reuniram no pátio da Berkeley High School, uma escola da Área da Baía de São Francisco conhecida por suas posições progressistas. Manifestações similares ocorreram nas Oakland Technical High School; na escola católica privada Bishop O’Dowd, também em Oakland, e na San Jose’s Lincoln High School, na cidade de San Jose. Outras 1500 pessoas são noticiadas se manifestando na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Cenas parecidas se repetiram em Seattle, Phoenix e duas outras cidades da Área da Baía – Richmond e El Cerrito. Em Santa Ana, 650 pessoas foram contabilizadas nos atos de rua, e em San Diego mais algumas centenas.

Em Oakland, em especial, os protestos assumiram sua dimensão mais radicalizada. Iniciado poucas horas após o discurso de Hillary Clinton pedindo que seu eleitorado dessa a Trump “uma chance de liderar”, o protesto se repetiu na noite do dia seguinte. Segundo o Departamento de Polícia, a multidão dobrou de tamanho entre as 19h e as 20h, de 3 para 7 mil pessoas. As tensões aumentaram conforme os manifestantes começaram a erguer nas ruas pequenas barricadas em chamas, com sacos de lixo e pneus, e a quebrar vidros e janelas. A polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Ao menos dois policiais foram feridos. Dois carros de polícia vazio foram postos em chamas, após terem seus vidros arrebentados e suas portas pichadas. A polícia realizou diversas detenções sob várias justificativas: ataques a policiais, quebra de vidraças, incêndios, saques a comércios e o lançamento de coquetéis Molotov, garrafas, fogos de artifícios e pedras em policiais e edifícios.

Segundo um jornal, “os alarmes dos carros e sirenes podiam ser ouvidas através da noite, servindo de plano de fundo para os cantos de “Foda-se Donald Trump” e “Sem justiça, sem paz, sem polícia racista””. O Edifício Federal de Oakland (que concentra as atividades do governo federal na cidade) e a Câmara do Comércio de Oakland foram “grafitados e vandalizados”. Ao longo da noite, as linhas dos batalhões da polícia se moviam entre as multidões buscando dispersá-las. “Conforme a polícia avançava pela 20ª Rua, próximo à Avenida do Telégrafo, em torno das 10h15 da noite, pessoas em meio à multidão ergueram nas ruas barricadas com bloqueios de construções e portões postos em chamas, efetivamente impedindo as linhas da polícia de prosseguir”. Um bloqueio erguido pela própria polícia foi atacado, pichado e posto em chamas.

Outro epicentro das manifestações foi a cidade de New York, onde cerca de 8000 pessoas cercaram a Torre Trump, na 5ª Avenida, ocupando quase 40 quarteirões, e incendiaram bandeiras nacionais, cantando palavras de ordem como “Black Lives Matter” (“As vidas dos negros importam”), “Donald Trump, go away, racist, sexist, anti-gay” (“Donald Trump, vá embora, racista, sexista, anti-gay”) e “Fight white power” (“Lute contra o poder branco”). A presença de Cher e Madonna entre os manifestantes causou grande repercussão nos meios de comunicação, com a primeira afirmando que “precisamos lutar”, e a segundo se somando à palavra de ordem “Não é meu presidente”. 65 pessoas foram detidas sob alegação de conduta desordeira e obstrução de ação policial. Segundo o Daily Mail, a manifestação foi convocada e organizada pelo Socialist Alternative, sob o chamado pela “construção de um movimento para combater o racismo, o sexismo e a islamofobia”.

Em Seattle, onde a corrente trotskista tem uma vereadora eleita, cerca de 6000 manifestantes foram às ruas. Ainda há poucas informações precisar sobre um tiroteio ocorrido nos arredores do protesto, supostamente relacionado às manifestações e que vitimou cerca de 5 pessoas, cujo estado de saúde não foi precisado.

Enquanto isso, do lado de fora da Casa Branca, em Washington, DC, centenas de pessoas se reuniram em uma vigília, portando velas. Ainda que tais protestos tenham sido pacíficos, há relatos de que ao menos um manifestante tenha sido lançado dentro de uma van pelo Serviço Secreto. Na Universidade Americana, cerca de 200 estudantes protestaram pondo fogo em bandeiras dos EUA e entoando slogans contra o racismo e a “América branca”.

Em Chicago [3], cerca de 1800 pessoas se aglomeraram do lado da Torre e do Hotel Internacional Trump, no centro da cidade, entoando as palavras de ordem “No Trump! No KKK! No racist USA”! [“Sem Trump! Sem KKK! Sem racism nos EUA”]. A polícia bloqueou o trajeto dos manifestantes, fechando as ruas ao redor.

Em Austin, capital do Texas, cerca de 400 pessoas marcharam, e outras 700 na Philadelphia, 3000 em Denver. Portland, Tennessee, e mesmo cidades de estados onde Trump venceu, como Atlanta (Geórgia), Dallas (Texas) e Kansas City (Missouri) foram palco de protestos. Novos protestos estão agendados para os próximos dias, e já está sendo marcada uma grande manifestação para o dia da posse de Trump, em 20 de janeiro. A SA estima que, apenas nas primeiras 24 horas de protestos, mais de 40 mil pessoas foram às ruas.

Quanto pior melhor?

Seria essa a confirmação da controversa afirmação de Žižek sobre os possíveis pontos positivos em uma vitória de Trump? Segundo este, uma eventual vitória de Trump “poderia desencadear um processo a partir do qual uma autêntica esquerda emergiria”. Com certeza não estamos na posição dos “liberais apavorados” de que fala o esloveno – e ainda assim somos obrigados a censurar sua preferência em polarizar com o “consenso liberal” pró-Hillary a partir de um ponto de vista condescendente com a possível vitória de Trump, e não do ponto de vista de um socialista. O descrédito que o filósofo dá às organizações socialistas revolucionárias realmente existentes não é novidade. Não deve causar estranheza, portanto, se a massa que agora aflui às ruas (amplamente composta por “liberais apavorados” que votaram em Hillary) estiver mais disposta a dar ouvidos aos discursos dos camaradas da Socialist Alternative do que às provocações do filósofo.

Concordamos que a vitória de Trump não é comparável à ascensão de Hitler (nem ao 18 Brumário), ao mesmo tempo em que pode sim abrir caminho para um fortalecimento da mobilização da extrema-direita, “e assim por diante”. “Todos membros da KKK apoiam Trump, mas nem todos apoiadores de Trump são membros da KKK”, lembrou um comentador sensato. Ou, do contrário, a julgar pelos analistas liberais, se cada um dos 54 milhões de eleitores de Trump (em uma população de 319 milhões); e o mesmo vale para os 24 milhões de apoiadores do Brexit, em um universo de 64 milhões de britânicos; se todas essas pessoas fossem fascistas reacionários e virulentos, não estaríamos assistindo a vitórias eleitorais, mas sim a uma marcha sobre Washington e Londres.

A questão em absoluto não é essa: a questão é que nada assegura, sem a efetiva ação de agitação e propaganda das organizações socialistas, que os protestos que agora emergem nos EUA não possam ser captados justamente pelo mesmo consenso liberal anti-Trump que no momento anterior apoiou Hillary.

Nesse aspecto, como em muito de suas posições políticas, Žižek se demonstra um inconsequente comentarista da luta de classes, independente do quão sério filósofo possa ser. Levando até o fim o próprio argumento de Žižek no que ele tem de correto, é preciso recusar em absoluto a ideia de que a eleição de Trump cindiu a sociedade americana. A emergência de Sanders; a ampla votação de Trump; a desorganização dos partidos Republicano e Democrata; a ampla abstenção eleitoral mesmo sob a midiática polarização; essas todas são expressões políticas da crescente cisão no interior da sociedade de classes nos EUA. Mas não seria preciso esperar pelo resultado das urnas e os protestos subsequentes para constatar isso: bastaria ter em mente toda a onda de protestos de massas contra a violência policial racista no último ano (em muitos casos terminando em decretos de Estado de Emergência), ou o aumento do número de greves e da mobilização proletária, pondo na ordem do dia a luta pelo salário mínimo!

Pode parecer que Žižek fazia a aposta difícil ao dizer que a vitória de Trump poderia iniciar uma nova etapa da luta de massas nos EUA. Mas em verdade a aposta improvável, e que para sua sorte nunca virá a ser contestada, é a de que a vitória de Hillary teria, por seu caráter ideológico, poder para cimentar tais cisões. Pode ser, efetivamente, que Hillary não fosse recebida em sua posse com protestos – ou pode ser que sim, qualquer que fosse o caráter político e de classe de tais atos, uma vez que, como bem disse Žižek, a raiva anti-estabilishment “é por definição amorfa e pode ser re-direcionada”. Ainda assim, contudo, Hillary (do mesmo modo que o liberal-progressista Obama) não poderia eliminar as contradições à base da sociedade estadunidense, base material das cisões políticas que emergem.

Em ambos os casos, qualquer que fosse o desfecho eleitoral, a ameaça de cooptação ideológica do movimento de massas não estaria fora do horizonte – como se vê pela proposta do CPUSA de uma frente ampla anti-Trump, com Democratas incluídos. A única garantia de que dispõe a esquerda socialista contra tal unidade rebaixada em torno do liberalismo é sua própria disposição em travar a necessária, prolongada e paciente luta ideológica.

Crise de representação?

A explosão espontânea dos protestos foi prontamente apoiada pelas organizações socialistas (e pelos Verdes) – e, após alguma hesitação, por Bernie Sanders. Evidentemente, enquanto o último se limita a “entender os motivos” da insatisfação popular e propor que “debatamos seriamente” a questão, as primeiras se lançam a organizar seriamente a agitação e a propaganda.

Segundo o Party for Socialism and Liberation, “a extrema direita representa um sério perigo, mas nós só tornaremos o problema pior nos escondendo por trás dos Democratas. Através da mobilização imediata e independente contra a próxima administração, podemos evitar que os setores de direita ganhem ainda mais terreno.” Termina convocando uma “mobilização de massas em 20 de janeiro, em Washington DC”, no dia da posse de Trump.

Engajada na organização dos protestos em mais de uma cidade, a Socialist Alternative aponta para uma tática de “resistência de massas” e pela criação de um “Novo Partido dos 99%”. “Um movimento de massas contra Trump precisará se dirigir imediatamente à classe trabalhadora branca e explicar como podemos criar um futuro no qual toda juventude possa ter um futuro descente, ao invés de tentar recriar o ‘sonho americano’ através do aprofundamento da divisão racial. Tal futuro pode apenas ser alcançado por uma política socialista”.

O posicionamento da SA reflete uma compreensão precisa sobre a influência de Trump enquanto candidatura “anti-sistêmica” entre os trabalhadores. De fato, as bases do movimento sindical historicamente ligado ao Partido Democrata parecem ter deslizado em direção a Trump [4]. Talvez isso ajude a explicar a própria vitória de Trump no Colégio Eleitoral, a despeito de todas as afirmações sobre a repulsa do estabilishment Republicano e Democrata por sua figura – não seria justamente o caso de produzir a tal sutura ideológica que Žižek temia, e preferir arriscar produzir manifestações em massa do descontentamento das camadas médias urbanas do que efetivamente arriscar uma explosão proletária? O que fica mais do que nunca nítido na “democracia” burguesa estadunidense é a incapacidade congênita do Estado de classe para a representação geral.

A expressão ainda pouco desenvolvida, aparentemente pouco radicalizada, dessa consciência, está na palavra de ordem difundida que clama pela abolição do Colégio Eleitoral. E, contudo, para os EUA, já significa um passo histórico significativo pôr em cheque os pressupostos autoritários que os “Pais Fundadores” lograram impor à democracia burguesia estadunidense. É preciso ter em vista, nesse aspecto, que não se trata aqui das oscilações de ânimos das massas que tão bem conhecemos ao redor do mundo: enquanto a maior parte do mundo capitalista oscilou historicamente entre a democracia e a autocracia burguesa, com a chamada “crise da democracia liberal” pairando no interregno entre ambos os regimes; os EUA, por sua vez, mantém a mesma Constituição e o mesmo sistema político desde o século retrasado. Evidentemente contribui para tanto a hegemonia imperialista do país, causa de sua capacidade de acomodar internamente as contradições entre as classes e produzir uma inflada camada média de pequenos proprietários – mas o próprio sistema político pesa decisivamente, no plano ideológico, para cimentar tal unidade nacional, sendo uma peculiar forma híbrida entre a democracia representativa liberal e o profundo alijamento das massas (desde as dificuldades que a legislação impõe à organização sindical até o sobrepeso do Poder Judiciário).

E, a despeito disso, o avançar da crise social põe em cheque as sagradas e seculares premissas constitucionais do poder político no país. A crise de representação é, na verdade, uma crise de autoridade da democracia representativa, que nunca logrou efetivamente representar as camadas exploradas e oprimidas, mas pôde por muito tempo manter inconteste sua hegemonia sobre essas. Após um tumultuoso ano de confrontos com a polícia e de choques com os poderes estabelecidos, espantoso seria que esse regime seguisse “representando” suas aspirações.

Existem democratas e liberais de todo o tipo que começariam aqui a tecer suas lições sobre essa “falta de espírito democrático” daqueles que “não sabem perder” e sobre “respeitar as regras do jogo – gente para quem falar “Fora Dilma” era golpismo, “Fora Temer” é justiça, mas “Fora Doria” já começaria a levantar algumas dúvidas… A esses senhores nos limitamos a repetir a ainda válida máxima: “Quem quer que chame tal rebelião de ‘putsch’ ou é um reacionário obstinado, ou um doutrinário sem esperanças incapaz de enxergar uma revolução social como um fenômeno vivo”.

Toda solidariedade à esquerda revolucionária estadunidense, em sua colossal tarefa de organizar e unificar a classe trabalhadora e os setores oprimidos da sociedade no coração do capitalismo global!

sa-seattle


[1] Desde 1988 o CPUSA apoia os candidatos Democratas nas eleições para a presidência. A despeito de se definir como um partido socialista marxista-leininista, o CPUSA exala democratismo pequeno burguês – como fica evidente, por exemplo, em sua polêmica recente com a publicação In Theese Times, onde acusam a publicação de “negligência com o engajamento democrático”, conclamam a “unidade dos progressistas” contra Trump e alegam que haveria “simultaneamente, uma oportunidade de conquistas grandes avanços para a vasta maioria” sob o governo Hillary. Toda a retórica do partido parece se fiar, conforme se verifica em seu programa, no “progressismo”, na “democracia”, no pacifismo e no antimonopolismo – chegando ao absurdo de afirmar que “O socialismo nos Estados Unidos seria construído sobre a forte fundação de nossa Carta Magna Constitucional”, afirmando que o Socialismo seria, portanto, a materialização do direito constitucional à “vida, liberdade e à busca da felicidade”. Assim se justifica, claro, de que modo o programa do CPUSA parece dispensar a estratégia revolucionária…

[2] A esse respeito, muito se credita a tradição progressista do estado à sua história revolucionária: a República Socialista da Baixa Califórnia, ainda que pouco conhecida, seria um dos fatores que explicariam tal situação diferenciada do estado frente ao liberalismo reinante na esquerda estadunidense.

[3] Chicago (a cidade mais populosa do estado de Illinois, com 2,7 milhões de habitantes) é a sede do Condado de Cook, o segundo mais populoso dos Estados Unidos depois do Condado de Los Angeles, na Califórnia. Se destaca, no movimento operário regional, a atuação do Chicago Teacher Union (CTU – Sindicato dos Professores de Chicago), no qual atua a Socialist Alternative.

[4] Se qualquer duvida restasse quanto a isso, na verdade, estaria resolvido agora: após uma semana de declarações temerosas dos dirigentes sindicais Democratas, os metalúrgicos dos EUA declaram que desejam colaborar com Trump na revisão do NAFTA.

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