Teses sobre as táticas nos sindicatos

Por Internacional Comunista, via marxists.org, traduzido por Giovanna Franchini 

Essa resolução foi apresentada no 5º Congresso da Internacional Comunista, no contexto de uma ruptura com o movimento internacional sindicalista, em vários países, o que levou a vários comunistas a concluírem que os sindicatos reformistas não poderiam ser conquistados para a revolução, e que os comunistas deveriam participar, ou formar, apenas sindicatos revolucionários. A liderança da IC (Internacional Comunista) argumentou que os comunistas devem lutar pela união da classe trabalhadora, deixando claro que os reformistas eram os verdadeiros divisores, a fim de conquistar as massas nos sindicatos. A resolução defende que os comunistas buscam a política de uma frente única vinda da base, enquanto lutam por políticas comunistas claras e coesas.

  • 1. A luta pela União

[…] Ao lutarem pela união dentro dos sindicatos, os comunistas estenderam a esfera da influência dos partidos comunistas e da Internacional Comunista sem perder o contato com a base em momento algum. A luta pela união dentro do movimento sindicalista é a melhor forma de conquistarmos as massas. As palavras de ordem da antiga Comintern de conquistar, e não destruir os sindicatos, em se opor à fuga dos sindicatos, de lutar pelo reingresso daqueles que os deixaram, de lutar pela união – essas palavras de ordem permanecem fortes e devem ser proferidas com firmeza e energia. […]

  • 2. A Internacional de Amsterdã e sua esquerda

Nossa atitude para com a Internacional de Amsterdã, como foi definida em congressos anteriores, ainda se mantém. Em seus primeiros escalões, a Internacional de Amsterdã mostra-se ser o baluarte do imperialismo internacional, uma organização que se expressa particularmente e descaradamente de forma conservadora, retrógrada, nacionalista de mente fechada, com sentimentos burgueses imperialistas dos trabalhadores mais corrompidos pela burguesia. A luta contra a Internacional de Amsterdã mantém-se como a tarefa mais importante da Comintern e suas seções[…] E em nossa luta, devemos lembrar de duas coisas: (a) que há milhões de trabalhadores nos sindicatos de Amsterdã; (b) a esquerda tem crescido por lá, ainda que sem forma e politicamente vacilante[…] Esses trabalhadores serão emancipados de suas ilusões reformistas na medida em que os comunistas tomarem a dianteira na luta operária da classe trabalhadora. Disputas industriais são ocasiões favoráveis para a aplicação de táticas de frentes sindicalistas para expor o papel fascista de quebra-greves das lideranças. A esquerda da Internacional de Amsterdã não possui tática ou programas claros[…] Foi realizado um ponto de partida no que tange às atitudes para com os sindicatos russos, mas em questões políticas fundamentais (como reparações, o Plano Dawes, políticas coloniais, coalizões com a burguesia, etc), a esquerda ainda não se difere em essência da direita. O defeito fundamental e primordial da esquerda é que ela deseja “reconciliar” reformismo e comunismo, e nutre a esperança de que pode-se encontrar um meio termo entre esses dois caminhos. A Comintern e os partidos comunistas têm auxiliado a esquerda até agora, enquanto realmente têm lutado contra o programa e as táticas da Internacional de Amsterdã. Seria um erro grave ao superestimar a esquerda, ou ignorar sua timidez e inconsistência. Comunistas e suas organizações sindicais devem propor à esquerda da Internacional de Amsterdã a formação, ou a ingressão, de comitês de ação. Comunistas devem exigir à esquerda da Internacional de Amsterdã, que tanto dizem que é vantajoso ter um entendimento com os sindicatos revolucionários, que ponham em prática suas propostas em todo o país na luta diária […]

  • 3 A luta pela união do movimento mundial dos sindicatos

Os quatro anos de trabalho da Internacional Vermelha dos Sindicatos (Red International of Labour Unions, RILU a sigla em inglês) dos Trabalhadores trouxe e uniu todos os elementos revolucionários do movimento mundial dos sindicatos em uma única organização global. A Internacional de Amsterdã há muito perdeu seu monopólio. Agora, é tarefa da Comintern e seus partidos lutar energeticamente em unificar os sindicatos revolucionários e organizá-los na RILU, e a extensão da influência e liderança comunistas nos partidos em todos os países. Essa tarefa só poderá ser concluída se a luta pela união no movimento sindicalista for tratada com consistência. […] A união só pode ser restabelecida por uma convocação de um congresso internacional de união, no qual todos os sindicatos filiados à Internacional de Amsterdã e à RILU serão representados proporcionalmente. É neste congresso internacional pela união, no qual todos os sindicatos ao redor do mundo deverão ser representados, que poderão ser discutidas as bases para um novo sindicato internacional. […] A criação de um sindicato internacional, com base na liberdade da agitação e uma rigorosa disciplina em todas as ações contra a burguesia, levaria naturalmente à dissolução das internacionais paralelas, como a RILU e a Federação Internacional dos Sindicatos (International Federation of Trade Unions, IFTU a sigla em inglês). Mas enquanto não conseguirmos restabelecer a união internacional do movimento sindicalista, a Internacional Comunista e os partidos comunistas devem continuar a auxiliar e apoiar a RILU e todas suas organizações filiadas. 

  • 4 Os pontos fracos do nosso trabalho

Os pontos fracos do nosso trabalho com os sindicatos em geral são:

  1. Em vários países, não há frações comunistas. Onde eles existem, não foram criados pela base;
  2. A falha em formar essas frações em organizações lideradas por comunistas ou simpatizantes à causa;
  3. A falha em formar essas frações em sindicatos reformistas, quando há, em paralelo, os sindicatos revolucionários (como na França);
  4. Disciplina inadequada de membros do partido que seguem sua própria linha, acabando por abandonar os sindicatos e buscar sua própria política sindical independente, independentemente das decisões dos partidos e da Comintern (como foi na Alemanha);
  5. Os partidos prestam pouca atenção aos sindicatos revolucionários, os quais foram formados juntos dos sindicatos reformistas (como é nos Estados Unidos, Bélgica e Holanda). Eles deveriam guiar sistematicamente esses trabalhadores revolucionários, e treiná-los a usarem as táticas comunistas;
  6. A propaganda nos sindicatos é abstrata demais;
  7. Com algumas exceções (da Alemanha, por exemplo), o trabalho nos comitês operários falta cuidado e profundidade; inabilidade ou proeza em criar os comitês operários que tratem da luta das massas industriais;
  8. Tradições desonestas e preconceitos, ainda profundamente enraizadas até entre os trabalhadores revolucionários, não são combatidos o suficiente;
  9. As preparações para os sindicatos, e os congressos de federações sindicais, são extremamente ruins na perspectiva política e partidária; os discursos dos comunistas em tais reuniões são um tanto despreocupados;
  10. Há um nervosismo exacerbado no que diz respeito às medidas de ruptura com os reformistas, exploração inadequada de indivíduos e expulsões em massa em certos sindicatos;
  11. A subestimação do fato de que a fábrica, o comitê operário, e o sindicato são campos naturais para a organização dos trabalhadores em uma frente sindical;
  12. A subestimação da importância do trabalho sindical[…];

Todos esses pontos fracos existem em diferentes níveis em quase todos os países. Um defeito básico, e a origem dessas fraquezas em nosso trabalho sindical, são resultados da ausência de células do nosso partido nas fábricas[…]

  • 5. Nossas tarefas imediatas
  1. A tarefa central de todos os partidos comunistas é construir divisões de luta. A começar nas fábricas […] e fortalecer o controle das organizações partidárias nas atividades de membros individuais e, particularmente, nas divisões sindicais; 
  2. O trabalho deve ser concentrado nas massas e nas fábricas. Por isso a necessidade de formar comitês operários onde ainda não existem, e revolucionar e radicalizar o trabalho daqueles que já existem[…];
  3. Todos os sindicatos independentes e revolucionários, e os sindicatos daqueles que foram expulsos pelos reformistas, devem ser desfeitos em todos os países, e trazê-los para a oposição aos sindicatos reformistas em comitês de ação […];
  4. Onde o movimento sindical estiver dividido, deve ser realizado um trabalho sistemático pelas massas para o restabelecimento da união, por meio da convocação de um congresso pela união com base na representação proporcional e a liberdade da luta ideológica[…]; 
  5. […] Uma luta implacável deve ser travada contra os comunistas deixarem os sindicatos. A palavra de ordem deve ser “Voltem aos sindicatos”;
  6. Deve ser dada uma atenção especial às organizações de trabalhadores industriais das quais podem tomar um partido importante na luta pelo poder da classe trabalhadora, como as indústrias de transporte, mineração, engenharia, química, energia elétrica e petrolíferas. O sucesso do trabalho do partido comunista nos sindicatos deve ser medido pelo sucesso em unir e organizar as áreas mais importantes da economia nacional;
  7. Devemos começar a formar comitês mistos. Francês-alemão, alemão-polonês, alemão-tcheco, inglês-russo, russo-polonôes, e assim vai, para organizarmos uma junta paralela e atuar em ambos os lados das fronteiras[…];
  8. Os partidos comunistas nos países onde a burguesia explora os povos colonizados, e semi-colonizados, devem prestar atenção especial ao crescente movimento sindical nas colônias;
  9. É uma condição para o sucesso em nossa luta que nós devamos saber quem são nossos inimigos. Portanto, os partidos comunistas e os sindicatos devem estudar profundamente as organizações empresariais, suas estruturas, agências e os meios que eles usam para corromper e desintegrar as organizações dos trabalhadores;
  10. Todos os partidos comunistas devem estabelecer contato mais próximo entre os sindicatos e seus membros durante o serviço militar. Em específico, devemos estabelecer uma proximidade entre as organizações de mercadores marítimos com os marinheiros da Marinha.
  • 6. Conclusão

O 5º Congresso da Comintern endossa todas as decisões dos congressos anteriores no que diz respeito às tarefas dos comunistas no movimento sindicalista, e chama a atenção de todos os partidos comunistas para a extrema importância deste trabalho. […] Essa é uma questão de vida ou morte para revolução social. Por isso que o 5º congresso convoca todas suas partes para não deixar nem que um fio de cabelo fique de fora das decisões e, assim, levar a vitória aos sindicatos, que é a vitória das massas.

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