Por Tarique Layon
Ao se confrontar o cenário ambientado no livro “Traves de Bambu”, de Rowan Simons, e contextos atuais em torno da Copa do Mundo da Rússia, notamos uma vertente interessante em relação a esse esporte de 11×11: a paixão pela bola nos une e se torna uma linguagem universal.
Logo no começo do livro, o autor (que falava apenas o inglês, sua língua materna) tenta se comunicar com os brasileiros, mas sem muito êxito. Porém, lembra-se do conselho que lhe foi dado para se munir de uma bola de futebol, quando estivesse a desbravar as terras tupiniquins: pois assim seria digno de empatia e mais facilmente aceito graças a tal objeto esférico em sua posse.
Por que tal objeto gera tamanho fascínio e acaba tornando todos idiomas um só?
O homem por si só é um ser que não consegue se isolar socialmente, pois sente falta desse contato social, nesse contexto busca interagir com seus semelhantes e ser socialmente aceito. Com o advento da globalização e a explosão de tecnologias e mídias sociais, tal interação se tornou muito mais presente no cotidiano das pessoas, porém o futebol se torna uma legenda para todos os idiomas porque é universalmente entendido e de prática facilitada.
Crianças por todo globo são adoradoras de astros do futebol, tais como: Pelé e Maradona; e este reconhecimento por parte deles faz com que elas busquem treinar e se esforcem para chegar o mais próximo possível de seus ídolos. Ao praticar com seus amigos, suas habilidades ficam mais acuradas, mas, além disso, os vínculos entre eles se tornam mais fortes graças aos momentos celebrados e vividos.
Ainda no livro, o autor dedica-se a desbravar terras chinesas e instaurar o futebol com o primeiro clube profissional no país. Encontra terras inóspitas para a prática do esporte, mas, ao levar sua paixão e transmitir a sólida prática do futebol inglês para o povo chinês, começou a criar chancelas, para que a paixão fosse se instaurando neste país.
Neste último quinquênio, a China busca formas de aprimorar o esporte local e efetua grandes aquisições para solidificar e aprimorar a prática do futebol no país. Pesquisas apontam que tal país pretende ainda se tornar uma potência mundial nesse esporte até 2050. Resultado da semente plantada outrora por Rowan e da linguagem universal que o futebol leciona.
Como dimensionar esta explosão da prática futebolística iniciada por uma pessoa com uma semente tão simples chamada “bola de futebol”?
Notemos o ocorrido quando se lança uma bola ao alto num campinho ou mesmo quando se chuta contra um “paredão”: começam a surgir pessoas interessadas em praticar e/ou se juntar a quem iniciou este procedimento. Esse ato simplório já se torna agregador e estreita laços entre os praticantes que outrora eram meros desconhecidos.
Mesmo na prática profissional, em que os jogadores travam verdadeiras batalhas em campo, muitas das vezes os momentos de maior bravura se delimitam apenas pela vontade de vencer e não extrapolam os limites das quatro linhas.
Em tempos de Copa do Mundo, nações se unem em pró do espetáculo exibido pelo futebol e pelos praticantes que deixam todos extasiados com suas exibições. Por ser uma linguagem universal, pessoas dos mais diversos idiomas se entretêm com tal esporte.
Podemos averiguar, através dos exemplos citados do livro e do contexto global da Copa do Mundo, que a prática do futebol nos une e revela o que de mais social há em nós, pois buscamos o contato, interação e reconhecimento de nossos semelhantes. Ao rolar uma bola em qualquer lugar do mundo, raros os que não irão se afiliar a ti e buscar contato através desta prática. Ainda que os idiomas falados não sejam os mesmos, a bola se encarregará de interpretá-los para todos.
E quanto a ti, já lançou uma bola de futebol para o alto hoje?