Por Peter Cooper (Heteconomist)
via http://heteconomist.com/developments-in-value-theory/ traduzido por Isabela Gesser.
Anteriormente, eu discuti como as bem-conceituadas igualdades agregadas de Marx tem se mostrado consistentes sob um sistema único de interpretações de sua Teoria do Valor. Na edição de Julho de 2018 da revista Cambridge Journal of Economics, há um artigo digno de atenção escrito por Ian Wright, que concilia a teoria clássica do valor-trabalho com a concepção de Marx sobre os preços de produção no marco de seu de sistema-dual. Assim como as interpretações de um sistema único, as igualdades de Marx também se consolidam na abordagem de Wright. Entretanto, eles fazem isso de maneiras diferentes. Aqui, eu quero oferecer algumas reflexões sobre essas diferenças.
Contexto
A teoria clássica do valor-trabalho, da forma como foi desenvolvida por Ricardo, vai em direção contrária à dificuldade que, sob a tendência capitalista para a equalização das taxas de lucro, os preços de produção (ou o que os economistas políticos clássicos chamariam de ‘preços naturais’), geralmente divergem do valor-trabalho, uma vez que são tradicionalmente concebíveis.
Marx propôs uma solução para essa dificuldade ao argumentar que, sob o capitalismo, os preços de produção se diferem dos valores de maneira sistemática que, no entanto, preservam fundamentos-chave agregados às relações; ou seja, o preço total é igual ao valor, o lucro total é igual a mais-valia total, e a taxa-média do preço do lucro é igual a taxa-média do valor do lucro. Ele concluiu que os processos de produção envolvendo mais (ou menos) composições do capital, produziriam mercadorias cujos preços de produção seriam acima (ou abaixo) de seu valor.
Os primeiros a aderir o sistema dual de Marx rejeitaram sua sugestão de transformação dos valores em preço. Eles argumentavam que, embora ciente do problema, Marx havia falhado ao lidar corretamente com a complicação de que o preço das mercadorias se diferem de seu valor, não apenas por conta do desvio em sua própria composição de capital pela média, mas porque tal desvio também se aplicaria aos insumos.
Interpretações Mais Recentes
Posteriormente, os que aderiram a concepção do sistema único de Marx, argumentaram que a crítica do sistema dual se baseava em uma má-compreensão. Eles constataram que a quantidade de trabalho necessária para a produzir uma mercadoria não é independente do modo de produção em que esta última se estabelece. Sob o capitalismo, nesse ponto de vista, o valor da mercadoria irá depender não do valor do(s) insumo(s), mas dos preços (ou preços de produção) destes.
Diante dessa perspectiva, os que aderiram o sistema único estavam aptos a reproduzir as igualdades agregadas de Marx, assim como sua resolução de que os preços individuais de produção se desviam sistematicamente dos valores. Nessas interpretações, tanto os valores quanto os preços podem ser expressos de maneira equivalente em termos monetários ou de tempo de trabalho, com a conversão entre ambos baseada na expressão monetária do tempo de trabalho (MELT).
A contribuição de Ian Wright estabelece dentro das configurações dadas ao sistema dual, que se os valores clássicos de trabalho são definidos de modo que sejam consistentes